28.7.09

mais uma relação de dois



Minuto de um cigarro.
Um alento à sobrevivência.
Deitado,
sobre azulejos azuis da cozinha
trago momentos e assopro razões.
A cabeça embaralhada
escuta a chuva, que molhada cai.
O olhar é seco,
lacrimejante de rotina.
Barulho de salto.
Alta de um provável doze anos,
ela vara o corredor,
arrastando um xale ressacado.
Emito um grunido,
(uma espécie de `` oi, tudo bem?``)
silêncio.
Brincos e colares descansam na escrivaninha.
Descalça,
adentra a cozinha de azulejos azuis.
Reclama muda de alguma coisa,
(sou eu que finjo não escutar)
enquanto absorve um copo d`água.
Ainda deitado, ela em pé.
Sua altivez é cega.
Vejo sua calcinha cor da pele,
ela desencrava a mesma do cu.
Emito um novo grunido,
(uma espécie de ... )
homens da caverna.
Agora é olho com olho,
(olhares secos)
o estorvo é recíproco.
Sob a angústia do não sentir,
fecho. Meus olhos.
Abismo.
Isqueiro,
minuto de um cigarro.


20.7.09


Pássaros não pensam, simplesmente voam.
Ando matutando em não matutar,
correndo de um penar, da obrigação de se conformar.
Olhando e sendo levado pela elegância passiva de uma árvore.
Uma menina que obedece ao vento,
e cresce sempre ao encontro do Sol.
Angustiada, presenteia nossa loucura de peito cansado.
Flores coloridas.
É, não tentando mas deixando ser.
Mocinha de olhar esverdiado,
é a única que se despe no momento de maior frio
e no calor nos abriga em sombras.
Palco de fanfarras infantis,
abraça cada criança que teima em se elevar,
seja por uma suculenta maçã
ou pelo inocente prazer em subir
e travar uma boa conversa com o silêncio.
Seu colo, oferece a casais que pelados namoram...
e cravam com canivetes seu amor inventado.
O sangue é branco.
Nossa altivez ignorante de seres racionais
atropela o carinho de sua troca sem exigência.
Hoje, matutando em não matutar,
dei as mãos à uma árvore, e fizemos amor.
Preenchido daquela exaustão feliz,
acendi um cigarro e soprando a fumaça para cima...
percebi pássaros que não pensam e simplesmente voam.
Eles faziam seu ninho no seio de minha menina.

8.7.09


Medo,
num pisar azulado de seus olhos.
Ando relutante de meu encantamento bruto,
do momento que explode.
Reflexo de sol em areia matinal,
percebo em seu corpo
a infinita comunhão de grãos.
Um beco feliz,
acompanha a sombra de seu sorriso,
em seu dizer solar.
De forma inútil tento partes:
o contorno minguante de seio nu,
o suor amigo,
a janela e o contraluz,
a carícia levitante de mãos que acompanham a alma.
Enfim, medo.
Medo em meu estripado sentimento,
já que partes são apenas paixões angustiantes.
Ela, mocinha inteira
é de tal beleza,
que não deixa possibilidades
para admirar partes isoladas.
Eu, cão, sentado na rua.
Ela no meio-fio.