22.3.11

Excelentíssimo Senhor Doutor Sentimento.




Uma pedra,
um buraco
e comigo um peito marcado.
Manchado na agonia de resistir,
arranco com vivos olhos de cão brincalhão
a pedra do buraco.
Com a mesma entre os dentes
sorrio com o rabo para meu Dono.
Ele acende um cigarro
e ao vento sopra pequenos e poucos assuntos.
Trabalho, futebol, vida alheia, sucesso, dinheiro.
Meu latido rompe sua fala muda
e aquela forma sem forma
branca e colorida
concreta e abstrada

( meu Dono)

precipita-se em minha pedra
e chovendo venta esta para
o buraco.
Lacrimejante deito meu olhar-cão
na pedra-buraco.
Castrado,
mais uma vez enterro
a possibilidade feliz
de amar.

10.3.11

bloquinhos.


Risos segredam a palhaços

a alma sugada por um aspirador-de-pó diante as mais diversas fantasias inertes, um sorriso. Plásticos em bolhas de self, foliões caminham afoitos como um formigueiro desesperado sob o pé de uma criança. Eles picam, mordem, beijam na arredia vontade de satisfazer a prepotente vaidade da beleza que não têm. E morrem... . Morrem no olhar, na alegria de não se enxergar, na oportunidade de queimar as asas azul-bebê e lançarem seu grito-queda-livre para os quatro cantos do abismo. Então vá minha criança... pise em formiguinhas, aquelas mesmo de óculos ray-ban e figurinos enrijecidos pelo nosso grande ditador: A Moda.
Assim talvez, pelos pés de uma nobre criança, o sentimento mais digno do carnaval possa abrir sua gaiola e gritar sua fúria dionisíaca. Libertem a Liberdade ! Ser conceito é muito pouco para a mesma, um sentimento engaiolado não provoca orgasmos anímicos, apenas ingere fast-food de carnaval, logicamente a promoção, que vem com batatinhas, o concorrido refrigerante e bastante ketchup.
Então ela vai, minha criança arredia, pisando serelepe em cada um de nós arranca o sangue que precisa sangrar para a imortal liberdade seguir sua peleja de sentir.

Quem sabe assim veremos...
tanto riso,
tanta alegria e
mais de mil palhaços no salão.