13.11.12

Portas




Chuva, um bom sinal para ficar.
Em um mundo de cobertas 
te caço,
um animal ávido e faminto 
de alma.
Dou o bote e espero
seu silêncio.
A chuva aperta,
aperto 
seu corpo.
Paro.
Sair é covarde.
Prefiro a inércia de uma paixão
que cria seu próprio mundo,
onde nós flores crescemos sem porquê. 
Lá fora tudo alaga
e correntes carregam pessoas 
robotizadas
já não podem molhar.

Guarda-chuvas, medo, carros.

A dor do sim 
guilhotina
a alegria do não,
enquanto robôs trafegam em contramão
sem noção,
sem criação.

Por isso, mais e mais
cobertas e você.
Descobertas em você.

E que a chuva caia 
e me ensine a não sair...
de dentro de ti. 


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