20.3.12
depois de você
Abri a janela para um cigarro e o amor se foi.
Foi porque tinha que ir,
meu corpo juntamente com minha alma já não dançava.
Flores são estúpidas convenções para um sentimento
que se esforça para sentir
enquanto o vinho abandonado teima sobre a mesa,
como se algo extraordinário ainda pudesse ser servido e degustado.
Nada, apenas vinagre. A dor do vinagre .
O sexo, outrora imaculado por olhares lacrimejantes,
tornou-se um tesão em partes isoladas e posições.
O gozo,
um mero preenchimento de papelada em uma repartição pública: necessário e sem porquê.
A chuva chove.
Um certo desespero me faz molhar sob suas gotas que caem doloridas.
O transtorno do vazio não me deixa lavar, apenas encharca.
Sou poça, lama e alguns sapos.
Espelho, sim um espelho.
Preciso de algo concreto para refletir minha estúpida personalidade,
um último suspiro para enxergar o príncipe adormecido em mim.
Olho, procuro e não vejo.
Mas aos poucos,
minha carcaça taciturna e molhada assume uma forma jovial e brilhante.
Uma criança emerge entre cores com cheiro.
Ela se põe a dançar uma música inédita a meus ouvidos
e eu choro aquele choro engasgado e agudo.
Percebo-me então ainda capaz de lágrimas,
e nesta sofreguidão encontro algum sentido para a felicidade.
Da poça há de nascer uma flor.
Do vinagre há de nascer um vinho.
E da dor, um amor.
Por favor, mais um cigarro!
Eu amo te amar.
Assinar:
Postagens (Atom)