5.5.11

um dia.




Olhos embaçados de mais uma madrugada
levanta feio, mesmo que bonito tenha que ser.
Mija toda tábua preguiçosa que ali fica,
embebida de seu banho morno.
Ele a levanta - mais uma economia de tarefa -
e esta já são muitas em menos de meia-hora:
Banho, dentes, roupa, cabelo e barba.
O pequeno diálogo com o espelho,
torna a aspereza de sua mulher
algo suportável, o amor maduro.
Taciturno, o sorriso aparece
em prece, numa música de John Lennon,
enquanto enfrenta a peleja de sobreviver
a mais um dia D trabalho.
Almoçado mas ainda na hora do almoço,
fuma seu cigarro quase proibido
assistindo o filme de sua infância
numa criança que fagueira escala uma árvore.
Uma inocente lágrima escorrega em seu rosto,
ele logo a detém.
Homem não chora!
A volta é tão difícil quanto a ida,
mas tem que voltar e
ter com algo mais angustiante:
sua casa, lar doce lar.
A mulher com roupa de academia esquenta
a comida que continua fria, sem carinho.
Logo contas deitam em seu colo,
e a mulher vidrada na Globo.
O abismo entre dois abrevia seu deitar,
dentes escovados e mais um diálogo com o espelho.
Deita na esperança de sonhar.