18.4.11

poema feio



Um eu depois de mim
é aquele velhinho que sorri da primeira palavra sem motivo,
do feliz poema mal escrito.

Rabisco um sentido que não caminha,
que tropeça em meu corpo para compor a alma,
uma aquarela infantil
de casinha com duas janelas, uma árvore e arco-íris.
Mas tento
aquilo que ainda não sinto
e para ser alegre minto
em minha própria maneira de ser,
de escrever.
É o vento que desenha meu olhar
e este, por sua vez,
insiste em não ventar.
Calmaria em frente ao espelho
meu silêncio grita minha imagem oca
e minha imaginação árida de televisão
derrete meu lindo dia de Sol.
Então rogo com afinco de uma carola

um eu depois de mim

e quem sabe assim
mais que de repente
termino o fim.